sábado, 25 de setembro de 2010

"TRANSPLANTE (25/9/2010) - Após 51 dias com artificial, paciente recebe novo coração"

Grande conquista: com o êxito do procedimento do agricultor Luiz Hélio, o Estado passa a ser o único do País a ter alguém com uma sobrevida tão longa graças ao dispositivo.
FOTO: VIVIANE PINHEIRO

A ideia do aparelho é dar suporte ao doente para que as funções se equilibrem até a chegada de um novo órgão.

Um recorde nacional. Antes do agricultor Luiz Hélio Mendonça, ninguém no País, havia passado mais de 15 dias com um aparelho artificial que substitui o coração. Foram 51 dias de espera por um órgão, mas, na noite da última quinta-feira, um jovem que faleceu aos 31 anos deu a possibilidade de uma vida nova ao agricultor. Segundo os médicos, a cirurgia foi realizada com sucesso. Com o transplante de Luiz Hélio, o Ceará registrou 12 transplantes de coração neste ano. Porém, ainda há outras 12 pessoas na fila de espera.

Sonho:
Devido a problemas no coração desencadeados pela Doença de Chagas, Luiz Hélio não pensou que chegaria aos 52 anos. Mas não só chegou, como o desempenho durante os dias que permaneceu com o dispositivo artificial surpreendeu os cardiologistas do Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (Hospital do Coração de Messejana). Segundo o coordenador cirúrgico da Unidade de Transplante Cardíaco do Hospital do Coração de Messejana, Juan Mejía, antes de colocar o aparelho, o paciente apresentava uma série de problemas nos rins, no fígado e na coagulação sanguínea desencadeados pela doença no coração.

Contudo, por causa do dispositivo, o quadro clínico melhorou bastante e Luiz Hélio passou a caminhar e até a exercitar-se em uma bicicleta ergométrica. "A ideia do aparelho é dar um suporte ao paciente para que as funções se equilibrem até aparecer um coração compatível. Dessa forma, podemos evitar os óbitos", destaca.

Chances aumentam:
Para Mejía, a melhor solução para preservar a vida dos pacientes, que por muitas vezes esperam de seis meses a um ano por um transplante de coração, é a utilização do órgão artificial. Além disso, a máquina também aumenta as chances de sobrevida pós-transplante. Conforme ele, a expectativa é de que, na próxima década, com o avanço da tecnologia, haverá grande possibilidade de existir uma máquina confiável, miniaturizada e capaz de substituir o coração, dando mais qualidade de vida aos doentes.

A coordenadora da Equipe de Transplantes do Hospital do Coração de Messejana, Marilsa Pessoa, ressalta que, além da melhora física do paciente, o aparelho possibilitou um desempenho na parte psicológica.

"A alta estima dele é fantástica. Luiz Hélio está sempre sorrindo e até brinca com os dispositivos nas mãos. Ele tem esperança e diz ser um homem de fé", destaca, orgulhosa, a coordenadora da Equipe de Transplantes do Hospital do Coração de Messejana.

Sucesso:
Segundo ela, com o implante artificial de Luiz Hélio, já são seis os pacientes que utilizaram o coração artificial no hospital, mas seu caso foi o de maior sucesso. "O coração compatível, muitas vezes, demora para a chegar à unidade. Somo obrigados a ver muitas pessoas morrendo aqui, principalmente jovens. Esse aparelho dá esperança a quem precisa do órgão".

KARLA CAMILA
REPÓRTER DN.

Nenhum comentário:

Postar um comentário