terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Nacional TRÁFICO DE INFLUÊNCIA - Diretor apresenta carta de demissão após denúncias"

O presidente dos Correios, David José de Matos, disse que os contratos com a MTA serão mantidos
FOTO: VALTER CAMPANATO/ABR

O coronel estaria atuando para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios

Brasília. O presidente dos Correios, David José de Matos, anunciou ontem o pedido de demissão do diretor de Operações da empresa, coronel Eduardo Artur Rodrigues. Segundo informações publicadas na imprensa, ele é suspeito de defender interesses da empresa aérea de cargas Master Top Airlines (MTA). Matos disse que o diretor alegou motivos pessoais para pedir a demissão.

´Devido às acusações que estão sendo feitas, apesar de ele já ter se defendido, afirmado que nunca foi sócio nem diretor da MTA, a situação na família dele chegou a tal ponto que ele não estava mais conseguindo conviver com a esposa e as filhas dele, que estão sofrendo muito com isso´, explicou o presidente.

A carta de demissão foi entregue ao ministro das Comunicações, José Artur Filardi. O presidente dos Correios prometeu divulgar documentos sobre as licitações realizadas pela empresa.

David Mattos, defendeu o diretor. "No tempo em que esteve aqui, ele jamais defendeu os interesses da MTA . Depois que ele chegou, a empresa foi até desclassificada em uma licitação", afirmou Mattos. O coronel estaria atuando para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios após as eleições. Silva seria ainda o testa de ferro do empresário argentino Alfonso Rey, dono da MTA. Ele presidiu a empresa até assumir a diretoria da estatal.

Mattos afirmou que os contratos dos Correios com a empresa aérea serão mantidos. "A empresa ganhou licitação, não tem porque romper os contratos. A empresa está funcionando regularmente, a Anac dá a licença para ela voar."

Ele explicou que os Correios mantêm quatro contratos com a MTA para a realização de cerca de 100 viagens no período de um ano. O valor total dos contratos é de R$ 59,8 milhões.

Mattos disse que continua na presidência dos Correios. "Eu fui convidado pela ministra e indicado pelo presidente . Enquanto o presidente tiver confiança em mim, enquanto sentirmos que a minha permanência é boa para os Correios, ele é que vai decidir, nós vamos trabalhar. Eu sou um profissional, já trabalhei em todos os governos", avaliou. Segundo ele, ainda não há nomes para substituir o diretor.

O ministro das Comunicações, José Artur Filardi, a quem a ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) é subordinada, disse que não conhece a situação do diretor demissionário e que apenas teve conhecimento das informações divulgadas pela imprensa.

REAÇÃO

Lula quer agilidade na investigação

Brasília O ministro Alexandre Padilha (Relação Institucionais) disse ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, agilidade na apuração de qualquer denúncia contra pessoas que integram o governo.

"O governo quer saber exatamente a verdade, quer trazer para a população brasileira a verdade dos fatos que aconteceram, por isso o presidente tem reiterado ao ministro da Justiça e à CGU a agilizar todo processo de apuração", disse Padilha, que participou da reunião de coordenação do governo, com Lula e ministros, em Brasília.

De acordo Padilha, o governo vai exigir daqueles que denunciam as provas das irregularidades que atribuem a funcionários do governo. Se confirmadas as denúncias nas investigações, disse o ministro, os envolvidos serão "frontalmente punidos."

Atenção

Padilha disse ainda que qualquer denúncia recebe a mesma atenção do governo, inclusive aquelas que partem de pessoas que têm "antecedentes criminais", referência ao consultor Rubnei Quícoli, que acusa o filho da ex-ministra Erenice Guerra, Israel, de cobrar propina para viabilizar negócios no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social).

Quícoli tem duas condenações e chegou a passar dez meses na prisão.

CASA CIVIL

Oposição cobra ao MP providências

Brasília. A oposição protocolou ontem um novo pedido de investigações à Procuradoria Geral da República sobre as acusações de tráfico de influência na Casa Civil.

DEM, PSDB e PPS pedem que o Ministério Público investigue a ex-ministra Erenice Guerra, seus familiares e assessores pela prática de tráfico de influência, formação de quadrilha, concussão e prevaricação no órgão do governo federal.

Na ação, os oposicionistas pedem a instauração de inquérito civil público e ação de improbidade administrativa contra os envolvidos no esquema. A oposição também pede que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, faça o acompanhamento externo dos trabalhos da comissão de sindicância instaurada na Casa Civil para apurar as acusações.

A oposição sustenta que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, tinha conhecimento das irregularidades enquanto estava no comando da Casa Civil. "Ao contrário do que alega Dilma, é muito pouco provável que a ex-ministra não soubesse do esquema instalado na Casa Civil ", diz o documento. DN.

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