terça-feira, 7 de setembro de 2010

"APESAR DE SANÇÕES - Irã aumentou atividade nuclear"

Relatório da AIEA afirma que o país já tem 2,8 toneladas de urânio e que intenções do governo preocupam

Teerã. A produção total iraniana de urânio de baixo enriquecimento subiu cerca de 15% desde maio, chegando a 2,8 toneladas, revelou, ontem, um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O crescimento acontece apesar da nova rodada de sanções aprovada em junho pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e sanções unilaterais de vários países.

O relatório confidencial também afirma que a AIEA segue preocupada com a possível intenção do Irã de desenvolver uma bomba atômica. Até meados de agosto, o país já tinha 22 quilos de urânio altamente enriquecido, provavelmente para um reator de investigação.

"Estima-se que entre 09 de janeiro de 2010 e 20 de agosto de 2010 22 quilos de UF6, urânio enriquecido a 20%, foram produzidos em sua planta piloto em Natan", afirma a AIEA.

Até agora, o Irã só enriquecera urânio em Natanz até 5%. O enriquecimento a cerca de 20% só começou no início de fevereiro, com o objetivo alegado de usá-lo como combustível para produção de energia elétrica e uso em isótopos médicos. Para produção de bombas, é necessário urânio enriquecido a 90% - algo que o Irã não teria condições da fazer, de acordo com a avaliação de analistas.

A agência da ONU afirma ainda que o Irã impede a investigação da agência sobre o uso de seu urânio e nega o acesso a suas instalações nucleares.

No último dia 9 de junho, o Conselho de Segurança aprovou uma quarta rodada de sanções ao Irã por manter enriquecimento de urânio em seu território, o que viola resolução anterior do Conselho.

A resolução estabelece novas restrições às operações dos bancos iranianos, enquanto aumenta a apuração das transações das entidades financeiras do país no exterior. Além disso, endurece o embargo de armas ao Irã e sanciona 40 entidades do país e reforça o regime de inspeções a navios e aviões iranianos.

Grande parte da comunidade internacional, com EUA e Israel à frente, acusa o Irã de ocultar, sob seu programa nuclear civil, outro programa, de natureza clandestina e aplicações bélicas, cujo objetivo seria a aquisição de armamento atômico.

Além de não terem conseguido convencer o Irã a desistir de seu programa nuclear, as três rodadas de sanções da ONU impostas ao país já tiveram efeitos adversos para o Ocidente, como estimular o mercado negro e beneficiar os líderes iranianos devido à irritação da opinião pública. Segundo o "think tank" americano Council on Foreign Relations, o espectro limitado das atuais sanções e a recusa de aliados de restringir negócios com Teerã impedem que sejam sentidos efeitos graves na economia do país

Mesmo a Rússia e a China (principal parceira do Irã) mantêm negócios com o país, inclusive em áreas sensíveis como energia e defesa. Quanto a restrições de viagens impostas a militares e funcionários do programa nuclear, o impacto é pequeno porque essas pessoas já saíam pouco do país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário