domingo, 5 de setembro de 2010

"INDÚSTRIA DAS DROGAS - México na luta contra o tráfico"

Organizações criminosas disputam o poder no México e espalham violência e terror pelo país.

O massacre de 72 imigrantes por um cartel do narcotráfico - a maior chacina da história do México - chamou a atenção do mundo para a violência causada pelas organizações criminosas no país.

Sete facções disputam território e controlam o tráfico de drogas no México, que movimenta US$ 20 bilhões por ano e que matou 28 mil pessoas desde 2006, a maioria imigrantes ilegais que tentavam entrar nos Estados Unidos.

O presidente mexicano, Felipe Calderón, que chegou ao poder em 2006, atribuiu o aumento da violência nos últimos anos ao sucesso de sua política contra o narcotráfico. Para ele, as mortes são consequência da luta entre traficantes e policiais. Segundo o governo, há 50 mil agentes de segurança envolvidos na operação contra o crime organizado. Há, inclusive, militares monitorando algumas ruas, o que os traficantes encaram como um desafio

Quase todo o narcotráfico do México tem os Estados Unidos como destino. Cerca de 350 toneladas de cocaína entram anualmente no território americano por meio do país vizinho. Assim, os imigrantes que querem cruzar a fronteira ilegalmente são muitas vezes usados pelos traficantes para levar drogas. De acordo com a Comissão de Direitos Humanos, pelo menos 10 mil estrangeiros, a maioria centro-americanos, foram sequestrados no México em 2009.

Apenas este ano, houve outros dois massacres. Em maio, a Polícia descobriu 55 corpos em uma mina em Guerrero, no sul do México. Em junho, 51 cadáveres foram encontrados em dois dias de escavações em um campo próximo a um lixão em Monterrey.

A corrupção dentro da Polícia do México é um dos principais obstáculos na luta contra o tráfico. Vários integrantes de cartéis de drogas infiltraram-se na organização. Por este motivo, na semana passada, a Polícia Federal do país anunciou a demissão de 3.200 dos seus agentes, o que representa 10% do contingente da instituição, por relações com grupos criminosos ou incompetência.

Outros mil policiais estão sujeitos a sanções disciplinares que podem levar a perda dos cargos. Mesmo após a demissão, os ex-agentes serão vigiados para evitar que cometam crimes ou que usem seus conhecimentos como policiais.

Los Zetas

O Estado de Tamaulipas, que fica a noroeste do México, na fronteira com os Estados Unidos, onde houve a chacina do mês passado, é o cenário de violentos conflitos entre o Cartel do Golfo e seus antigos aliados, os Los Zetas, liderados por soldados de elite desertores. Os Zetas são suspeitos de vários massacres, inclusive o das 72 pessoas, e de cometer sequestros em massa.

Inicialmente, a organização criminosa foi formada para trabalhar com o Cartel do Golfo ontra os zapatistas (guerrilha formada por índios e camponeses) na década de 1990, ao lado dos Estados Unidos e de Israel. Atualmente, eles atuam por conta própria e traficam drogas, armas, cometem assassinatos e sequestram com o objetivo de cobrar resgates.

Há ainda outros seis grupos no controle do narcotráfico do México que se enfrentam entre si. Os cartéis Beltrán Leyva, Golfo-Nova Federação, Sinaloa, Juárez, Tijuana, Los Zetas e La Familia lutam pela ampliação de seus territórios.

O cartel de Juárez domina as rotas do tráfico da região de Chihuahua, no norte do México, cuja faixa fronteiriça é a maior dos seis distritos próximos aos EUA. Os Sinaloa tentam penetrar neste território, do qual já controla uma parte. Esta última organização também domina uma ampla zona de Sonora, no noroeste do país, e disputa com os Zetas e os irmãos Beltrán Leyva uma parte do Estado da Baixa Califórnia, também no noroeste.

Já o cartel de Tijuana, liderado pelos irmãos Arellano Félix, mantém o controle na zona do Pacífico, onde disputa principalmente com os Sinaloa. A La Familia atua no Estado de Michoacán, no oeste do México, e possui alianças com os Sinaloa.

MARTHA DOS MARTINS
REPÓRTER - DN.

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