sábado, 25 de setembro de 2010

"Negócios MAIOR JÁ REALIZADA - Capitalização é marco histórico"

Em clima de absoluta euforia, presidente Lula, vestido de macacão laranja da empresa, apertou a campainha e lançou simbolicamente a negociação das novas ações da Petrobras na Bovespa.
AGENCIA REUTERS

A operação ampliou a participação do governo na estatal petroleira de 40% para 48%, o que causou ruídos no exterior.

São Paulo. A Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) protagonizou, ontem, uma festa verde-amarela, digna de final de Copa do Mundo, com direito a muito papel picado, decoração nas cores da bandeira nacional e o tradicional Brasil-il-il-il. Era a cerimônia de lançamento das ações da Petrobras, que concluiu a maior capitalização do mundo, de R$ 120 bilhões (conforme informou o Diário do Nordeste ontem) - operação que elevou de 40% para 48% a participação da União na petroleira.

Essa fatia considera também as participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do fundo soberano.

Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo usou parte dos recursos que vai receber com a venda dos barris de petróleo (na cessão onerosa) para aumentar sua participação na empresa. "O aporte do governo é mais ou menos igual aos recursos advindos da cessão onerosa e deve somar US$ 43 bilhões". Além de comprar a parte dos minoritários que não aderiram à oferta, o governo também comprou ações destinadas ao mercado. Mas, ao contrário da reação dos convidados presentes na BMF&Bovespa, que aplaudiam cada número divulgado, o mercado internacional não viu com bons olhos esse aumento do Estado na petroleira. O resultado da oferta da empresa causou estranheza e ruídos no exterior, mas não mudou o humor do presidente Lula, que não perdeu a oportunidade de cutucar a privatização feita durante o governo tucano: "ao contrário do passado, não estamos aqui para debilitar o Estado ou alienar o patrimônio público. Um Estado fraco nunca foi sinônimo de uma iniciativa privada forte", afirmou.

Ele comemorou a operação que transformou a estatal na 2ª maior petroleira do mundo em valor de mercado, atrás apenas da Exxon Mobil. A capitalização elevou o valor da estatal para US$ 220 bilhões ante US$ 290 bilhões da americana. "Há dez anos, eu passava aqui na Bolsa e as pessoas tremiam de medo: onde é que vai esse comedor de capitalismo? Agora vou deixar a presidência como o presidente que participou do momento mais auspicioso do capitalismo mundial", vangloriou-se.

O presidente da Petrobras, José Gabrielli, limitou-se a repetir que o preço das ações ordinárias (ON, com direito a voto) foi fechado em R$ 29,65; e as preferenciais (PN), R$ 26,30. No exterior, as ADRs ON ficaram em US$ 34,49 e as PN, US$ 30,59. Além de pagar os valores referentes a cessão onerosa, a operação permitirá o desenvolvimento dos negócios da companhia, financiando parte do plano de investimentos 2010-2014, de US$ 224 bilhões. Segundo o ministro Mantega, a estatal "passará a deter um patrimônio líquido muito maior e um caixa polpudo, de US$ 25 bilhões", não havendo necessidade de nova capitalização.

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