quarta-feira, 15 de setembro de 2010

"COLUNA - Lustosa da Costa DN - 15/09/2010"

Obra do padre Zé:
Quando me hospedo no hotel do Visconde, em Sobral, vejo escrito, em seus documentos, que todo o seu "apurado" reverte em favor da Santa Casa de Misericórdia. Ele foi fundado quando o padre José Linhares modernizou a Santa Casa. E além de edificar um hotel, ainda plantou, em Sobral, Hospital do Coração, saudado, com tanto entusiasmo, pela classe média. Os problemas de Sobral criados pelo padre Zé, por Teodoro e Cid Gomes, são problemas de crescimento, busca da grandeza passada.

Sócio:
Durante almoço que um grupo de professores da Uva me oferece quando vou a Sobral, o presidente da Academia de Letras da cidade, João Eudes Andrade, me entregou diploma de sócio correspondente da entidade que meu pai ajudou a ressuscitar em 1942.

O progresso:
Quando consigo vaga neste hotel, o que hoje constitui façanha dos sortudos, descubro o por que de se encontrar o hotel sempre lotado. Por atender aos engenheiros e empreiteiros que erguem hospital regional, policlínica, prédios escolares e começam a implantar um shopping que terá até hotel moderno. Como o hotel foi modernizado, inclusive com instalação de elevador, mas não cresceu, não teve suas instalações ampliadas, taí a crise.

Pobres podem voar:
Lembro-me da surpresa que me colheu em 1995, em Paris, quando soube que o marido da equatoriana que me passava as camisas, adquirira automóvel que pertencera ao Cláudio Alencar, então alto funcionário da Unesco, e sua mulher Marilde Loiola, hoje grande nome das letras da UnB. Não estava habituado a que os pobres comprassem seus próprios veículos. Um dia destes soube que o porteiro de meu edifício, cuja mulher trabalhava, todos os dias, atendendo a problemas domésticos da casa dos moradores, possui três automóveis. Deles e dos filhos.

Humilhação:
Tem mais. Uso televisões, até o fim. Não tenho pressa de renovar tais equipamentos. Quando tive de adquirir uma nova, pensei em doar a velha, usada, a um dos funcionários da portaria do bloco em que moramos. Cheguei a ir à casa de um deles e vi tanto aparelho eletrônico e móveis na sala que sai dali humilhado. O meu televisor foi parar na mão de ex-empregada doméstica que, pelo excesso de filhos e vida complicada, vive quase na indigência. Razão pela qual fui entregar o presente em domicílio.

Justiça:
Folgo em registrar que as coisas melhoraram. Vejam o caso da aviação. A gente entra no avião e dá de cara com desconhecidos. Ninguém da nossa turma. Sabem por quê? Porque os pobres puderam voar. Até para o estrangeiro. A moça que me serve café na Câmara, terceirizada, um dia destes juntou os trapinhos com os da irmã e foram passar 15 dias aqui no Nordeste, em recreação. Os nossos porteiros quando vão à Paraíba e ao Ceará em férias utilizam o avião. E este progresso social se deve às melhorias que se efetivaram nos últimos oito anos e não ha tucano que anule ou delete. O País ainda tem miséria. Mas, seguramente, ficou mais justo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário