terça-feira, 21 de setembro de 2010

"PROGRAMA NUCLEAR - Irã critica agência da ONU e desafia ocidente"

O Coordenador de energia nuclear do Irã, Ali Akbar Salehi, participou de assembleia com membros da AIEA.
REUTERS

Em discurso, República Islâmica afirma que AIEA sofre de "crise de autoridade moral e de credibilidade"

Viena, Áustria. O Irã afirmou, ontem, que a agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) sofre de uma crise de "autoridade moral e de credibilidade", ressaltando uma piora nas relações entre Teerã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Num discurso aos Estados-membros da AIEA, incluindo os Estados Unidos, o coordenador de energia nuclear do Irã, Ali Akbar Salehi, também desafiou as exigências internacionais para que o país islâmico interrompa a atividade que o Ocidente suspeita que seja destina a fabricar bombas atômicas.

"A abordagem incivilizada de dupla via, de ameaça e diálogo, não pode ser útil nem frutífera", afirmou Salehi, referindo-se à política do Ocidente de impor sanções contra o Irã ao mesmo tempo em que oferece incentivos para pôr fim ao impasse de oito anos.

Falando logo em seguida, na mesma assembleia anual dos 151 membros da agência da ONU com sede em Viena, o secretário de Energia norte-americano, Steven Chu, deixou claro que Washington manteria a pressão sobre o Irã em razão de suas atividades nucleares.

Os EUA permanecem comprometidos em chegar a uma solução diplomática, mas o "Irã tem de fazer o é que até agora não fez - cumprir suas obrigações e garantir ao resto do mundo a natureza pacífica de suas intenções", afirmou Chu.

"De outra maneira, fica claro que há um consenso internacional amplo e cada vez maior que responsabilizará o Irã caso continue com sua provocação", acrescentou o americano.

Salehi criticou o mais recente relatório da AIEA sobre a atividade nuclear do Irã, dizendo que o texto é injusto e sugerindo que as potências ocidentais o influenciaram.

O relatório mostrou que o Irã intensificou a atividade de enriquecimento de combustível nuclear, segundo o governo apenas para fins pacíficos, desafiando as sanções mais rigorosas impostas pela ONU, pelos EUA e pela União Europeia desde junho. Também manifestou frustração pela falta de cooperação plena do Irã para com os inspetores da AIEA.

As relações entre o Irã e a AIEA têm se deteriorado desde que o diplomata japonês Yukiya Amano assumiu a diretoria da agência em dezembro. Ele assumiu uma postura mais dura com relação ao Irã do que seu antecessor Mohamed ElBaradei. Em seus relatórios ao conselho de governadores da AIEA, ele disse que Teerã pode estar tentando desenvolver um míssil nuclear agora, e não apenas em algum momento do passado.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou, ontem, que uma ação militar de Israel ou dos EUA não é "a forma ideal" de solucionar o problema com o Irã.

"Continuamos abertos a soluções diplomáticas para resolver isso. Não achamos que uma guerra entre Israel e Irã ou as opções militares sejam a forma ideal para resolver esse problema. Mas mantemos todas as nossas opções sobre a mesa", afirmou Obama.

Tensão

"A abordagem incivilizada de dupla via, de ameaça e diálogo, não pode ser útil nem frutífera"
Ali Akbar Salehi
Coordenador de energia nuclear do Irã. DN.

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