quinta-feira, 28 de outubro de 2010

"PRÉ-SAL É INCÓGNITA - Sondas vão buscar petróleo no litoral cearense em 2011"

Navio-plataforma (FPSO) Cidade Angra dos Reis, que vai iniciar a produção de óleo do pré-sal na área de Tupi. Ontem, foi retirado o primeiro óleo da produção
FOTO: DIVULGAÇÃO

São previstos pelo menos dois novos poços para 2011. Sondas devem ser utilizadas, no mínimo, até 2013

Rio - O Ceará terá exploração de novos poços de petróleo a partir de 2011, quando deve receber as sondas para esta atividade. As sondas podem ter uso em lâminas de águas profundas e colunas de rocha. Os equipamentos a serem utilizados no Estado também têm capacidade para exploração na camada do pré-sal, mas isso não significa necessariamente que isso um dia será concretizado. A informação foi repassada ontem, no dia em que a estatal também comunicou a descoberta de petróleo no primeiro poço em águas ultraprofundas da Bacia Sergipe-Alagoas, de qualidade semelhante ao óleo encontrado na Bacia de Campos.

Segundo o gerente executivo de Exploração, Mário Carminatti, a Petrobras tem adquirido blocos exploratórios no Nordeste. Ele ressaltou que esse trabalho em Sergipe foi iniciado em 2004 e hoje começa a dar resultados. "As atividades vão continuar em um ritmo bom", garantiu. De acordo com ele, no Ceará, o trabalho está em fase de estudos técnicos.

"O triênio 2011/2012/2013 será muito acelerado com relação a perfurações na margem equatorial brasileira", comentou. Para o Ceará, estão previstos pelo menos dois poços para o ano que vem. A margem equatorial tem pouco histórico de atividade de exploração de petróleo, por conta do foco da Petrobras nas últimas décadas em ampliar a produção das províncias petrolíferas do Sudeste, em busca da autossuficiência nacional na produção de petróleo. O planejamento de exploração prevê o uso de sondas entre 2011 e 2013 para os blocos da margem equatorial, o que inclui o Ceará. A estatal, conforme o gerente, não revela os investimentos nem o cronograma para o triênio, mas reiterou que vão continuar as atividades de forma "acentuada". Isso porque os estudos já indicaram viabilidade. "As situações são prospectáveis", afirmou. De acordo com Carminatti, a aquisição sísmica em Pernambuco foi encerrada e a estatal começa o processamento de dados.

Óleo do pré-sal:
Carminatti e outros executivos da Petrobras receberam a imprensa para coletiva ontem, na qual repassaram informações sobre o primeiro óleo produzido a partir do pré-sal na área de Tupi. A entrada em operação do navio plataforma Cidade de Angra dos Reis, primeiro sistema definitivo de produção instalado em Tupi.

A nova plataforma está conectada inicialmente ao poço RJS-660, que será testado tecnicamente até a Declaração de Comercialidade (DC) da jazida. A DC está prevista para o fim de dezembro, quando estará concluída sua interligação a outros poços produtores, e a área de Tupi entrará na fase de desenvolvimento da produção.

Além de Sergipe e Ceará, porém, é crescente a atividade em outras bacias marítimas, como Pará-Maranhão, onde Petrobras e OGX têm concessões. A empresa de Eike Batista acredita ter reservas em torno de 447 milhões de barris de óleo equivalente (somado ao gás) em suas cinco concessões naquela bacia.

Nordeste:
A descoberta de uma nova fronteira petrolífera no País, em águas ultraprofundas no litoral de Sergipe, foi comemorada pela Petrobras por tratar-se de uma área com características geológicas semelhantes às encontradas na Bacia de Campos, maior produtora de petróleo do País, que tem a maior parte de suas reservas em rocha chamada turbidito. "A Petrobras é reconhecida como empresa de águas profundas e fez escola nos turbiditos da Bacia de Campos", comentou o gerente executivo de exploração da Petrobras, Mário Carminatti.

A descoberta de petróleo anunciada ontem fica no bloco exploratório SEAL-M-426, a 58 quilômetros da costa de Sergipe. Apesar da pouca distância, a lâmina d´água (distância entre a superfície e o fundo do mar) na área é de 2,34 mil metros, maior do que a de Tupi, na Bacia de Santos, que gira em torno dos 2,1 mil metros. O poço em Sergipe ainda está sendo perfurado, em busca de objetivos mais profundos. Além da semelhança geológica com a Bacia de Campos, a Petrobras se animou com a qualidade do óleo encontrado no poço, que é do tipo leve, semelhante ao do pré-sal, com maior valor de venda no mercado internacional.

"Abrimos uma nova frente exploratória", comemorou o executivo. A empresa inicia no ano que vem a busca por outra fronteira petrolífera, desta vez na chamada margem equatorial brasileira, que compreende os Estados de Ceará, Piauí, Maranhão e Pará. A empresa conclui a avaliação de estudos sísmicos referentes a blocos na região e inicia, já em 2011, uma campanha de perfuração de poços. Atualmente, o Nordeste tem grande atividade petrolífera apenas em terra, em bacias já exploradas desde antes da descoberta das primeiras reservas gigantes de petróleo na Bacia de Campos. (com agências)

CAROL DE CASTRO*
REPÓRTER DN.

* A jornalista viajou a convite da Petrobras.

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