sábado, 16 de outubro de 2010

"ASSENTAMENTOS - Israel retoma a colonização"

Palestinos acusaram o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, de "matar" as negociações de paz.
LIOR MIZRAHI/ REUTERS

Foram abertas licitações para a construção de 278 casas para a população judaica em Jerusalém Oriental.

Jerusalém. Israel anunciou, ontem, novas licitações em Jerusalém Oriental, provocando a indignação dos palestinos.

O ministério israelense da Habitação decidiu abrir licitações para a construção de 238 casas para a população judaica em dois bairros de colonização de Jerusalém Oriental, Ramot e Pisgat Zeev.

O principal negociador palestino, Saeb Erakat, acusou o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de tentar "matar qualquer possibilidade de reiniciar as negociações" e pediu a intervenção dos Estados Unidos, que já estão mobilizados para tentar solucionar a questão da colonização na Cisjordânia.

Estas são as primeiras licitações anunciadas desde 26 de setembro, quando expirou a moratória de 10 meses sobre novas construções nas colônias da Cisjordânia.

"Condenamos firmemente esta decisão e pedimos ao governo americano que considere o governo israelense responsável pelo fracasso das negociações e do processo de paz por sua obstinação em matar qualquer possibilidade de reiniciar as negociações", declarou Erakat.

Os palestinos consideram que a continuidade da colonização na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, prejudica o resultado das negociações e compromete a viabilidade de seu futuro Estado.

Segundo o jornal israelense "Yediot Aharonot", o governo autorizou as licitações depois de ter informado as autoridades americanas a respeito. Washington pressiona o governo de Netanyahu para reduzir a magnitude das obras previstas.

Em março, o ministério anunciou um importante projeto de construção em outro bairro do setor oriental da cidade, durante a visita do vice-presidente americano Joe Biden, o que irritou Washington.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, afirmou esperar que os Estados Unidos convençam Israel a decretar uma nova moratória sobre a colonização, como ele exige para prosseguir com as conversações. Abbas recordou ainda que a colonização era "ilegal".

Israel considera Jerusalém sua capital "eterna e indivisível", enquanto os palestinos querem estabelecer a capital de seu futuro Estado na área oriental.

Um total de 270 mil palestinos vive em Jerusalém Oriental, onde aproximadamente 200 mil judeus israelenses estão instalados em 12 bairros.

Os Estados Unidos afirmaram estar "decepcionados" com os planos de Israel. "Estamos decepcionados com o anúncio de novas licitações em Jerusalém Oriental. Isto é contrário aos nossos esforços para retomar as negociações diretas entre as partes", disse o porta-voz do Departamento de Estado Philip Crowley em uma coletiva de imprensa.

Impasse:
"Pedimos aos EUA que considerem Israel responsável pelo fracasso das negociações de paz".
Saeb Erakat
Principal negociador palestino.

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