domingo, 10 de outubro de 2010

"Política, PARTIDOS - É preciso formar seus quadros para disputas"

Candidatos conversam com assessores no intervalo do debate de que participaram na TV Diário.
ALEX COSTA

Se os partidos não buscarem novos nomes para formar suas chapas, vão cada vez mais prejudicando o Ceará.

A primeira lição que os partidos políticos cearenses, pretendentes a algum dia chegar ao Governo do Estado, ou mesmo à Prefeitura da Capital, é de que precisam formar quadros. Na última disputa, sete candidatos concorreram ao cargo de chefe do Executivo estadual, mas, à exceção do vitorioso, o atual governador, nenhum estava preparado para a disputa, nem mesmo para chegar lá, posto que sem projetos ou propostas alternativos ao que está sendo implementado atualmente.

Eles foram levados à condição de candidatos por várias razões que não a de realmente competir. Foram figurantes. Todos sabemos, até mesmo aqueles menos enfronhados no mundo da política, que a disputa majoritária, em qualquer das esferas de Governo, exige muito mais que um simples registro de candidatura na Justiça Eleitoral. É preciso ter, aquele registrado, além dos meios materiais indispensáveis à campanha, propostas de soluções para os vários problemas que afligem a sociedade. E não se constroem propostas da noite para o dia, sobretudo se elas tiverem que ser confrontadas com as de quem disputa uma reeleição.

Os candidatos Lúcio Alcântara e Marcos Cals não se prepararam para disputar um cargo majoritário nas eleições deste ano. O primeiro trabalhava uma candidatura à Câmara dos Deputados, e o segundo a sua reeleição à Assembleia Legislativa. De repente, surpreendendo a todos, eles aparecem como postulantes à sucessão de Cid Gomes, cuja candidatura começou a ser forjada, de modo profissional, desde que assumiu o cargo, já no início de 2007.

Lúcio Alcântara, um candidato com o ônus de ter sido defenestrado do Governo pelo próprio Cid, e sem um discurso novo, para motivar o eleitorado a aceitá-lo como uma alternativa, estava vencido logo na partida. Falou muito do passado, aquele que o eleitorado, em 2006, reprovou fragorosamente. E ainda, parece ter ficado refém da turma que, naquela eleição, filiada ao PL, hoje o PR, contribuiu para o fracasso da candidatura do Partido Liberal. Lúcio estava muito mudado no pleito deste ano. Não era o mesmo Lúcio que conseguiu se eleger para vários mandatos, inclusive o de governador. O eleitorado tem demonstrado não acreditar em mudanças tão radicais de personalidade dos políticos.

Marcos Cals também iniciou a campanha como derrotado, talvez pelo fato de o seu partido ter se dividido. Ele não tem o perfil de um candidato a cargo majoritário, embora possa ser um bom administrador, como demonstrou sê-lo enquanto presidente da Assembleia. Sem estar preparado para ser governador, o fato de ter passado mais de três anos como auxiliar do atual Governo (secretário de Justiça) afastou de si toda e qualquer autoridade de se opor ao que faz o atual gestor estadual. Houvesse ele saído bem antes do quadro de secretários de Cid, por divergir do que ora está sendo feito, suas críticas e o apelo ao eleitorado para chegar a ser o primeiro administrador do Estado, até que poderiam ter sido ouvido.

Os demais candidatos tinham consciência plena de que não havia chances de chegar ao cargo de governador. Eles apenas tinham o objetivo de difundir as ideias dos seus respectivos partidos e, como consequência, ajudar a conquistar votos para a legenda que poderiam beneficiar um ou outro candidato a cargo legislativo. De certa forma, contribuíram sim para chamar a atenção da sociedade que é importante a participação no processo eleitoral, mas poderiam ter tido uma melhor desenvoltura houvessem suas agremiações e eles próprios, conseguido estruturarem-se para a disputa.

É muito pobre, com honrosas exceções, os nomes que os partidos oferecem ao eleitorado para representarem os cearenses, tanto no Executivo quanto nas Casas legislativas. Ao fim de uma eleição como a que acabamos de sair, no Ceará, é imperioso, até por uma questão de sobrevivência das próprias agremiações, trabalhar a formação de novos quadros, para, nos próximos embates, poder apresentar uma relação de candidatos, que não apenas possam ser dignos representantes seus, mas dignifique o lugar que venham a ocupar no cenário político.

EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA DN.

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