segunda-feira, 18 de outubro de 2010

"MISSA - Trabalhadores voltam à mina para celebração"

O ato religioso foi marcado por muita emoção e religiosidade, mas também por protestos, já que parte dos mineradores foi impedida de participar.
FOTO: REUTERS

Parte dos mineiros soterrados que tiveram alta hospitalar foi ao local com as famílias para agradecer o salvamento.

Copiacó. Alguns dos 33 mineiros que foram resgatados na semana passada depois de ficarem 69 dias soterrados voltaram, ontem, ao local da mina, ao norte do Chile, para uma cerimônia religiosa.

Os mineiros, suas famílias e amigos participaram da cerimônia no acampamento da mina de cobre de San José e da mina de ouro da qual foram resgatados na última quarta-feira em uma complexa operação transmitida ao vivo pela televisão no mundo todo.

Entre os dez primeiros mineiros que chegaram para a cerimônia estava Juan Carlos Aguilar, que andou na área da mina de mãos dados com sua filha pequena. Ele e os outros homens ficaram mais de dois meses presos a 625 metros de profundidade antes de serem resgatados. "Vai ser difícil, mas sabemos que podemos fazer isso", disse Omar Reygadas, um viúvo que foi o 17º mineiro a ser resgatado, sobre a emoção de voltar ao local.

O chileno Víctor Zamora, 33, é o único dos 33 mineiros resgatados na mina San José, no norte do Chile, que permanece internado. Os demais já receberam alta da Clínica Atacama.

Segundo Jorge Díaz, chefe médico da Associação Chilena de Segurança (ACHS), em Copiapó, o trabalhador permanece internado, embora esteja "em condições de ir para casa". Zamora "tem uma lesão traumática nos dentes anteriores, razão pela qual pediu para permanecer na Clínica Atacama", disse Díaz. A mãe de Víctor, Nelly Bugueño, afirmou que o filho receberá alta amanhã. "Víctor sai na terça-feira. Quero que esteja bem e que descanse. Ele está muito cansado. Todos queremos que se recupere bem e Deus queira que ele saia na terça-feira", disse Bugueño.

Ontem, outro mineiro que recebeu alta no último sábado e que na sexta-feira se queixava de vertigens e enjoo, o doutor Díaz explicou que ele "se encontra em perfeitas condições".

Exames:
Doze dos 33 mineiros resgatados se submeteram, no sábado, a exames de rotina, feitos nas dependências da ACHS, procedimento que se repetirá para acompanhar sua evolução nos próximos dias. Díaz explicou, ainda, que se espera que os mineiros não sofram de síndrome de estresse pós-traumático, graças ao trabalho prévio feito pela equipe de psicólogos que os acompanhou enquanto estiveram presos na mina. "Não temos um conhecimento muito claro de em quanto tempo a síndrome pós-traumática pode se apresentar", disse. Em um mês a expectativa é que eles possam voltar ao trabalho.

PROTESTOS:
Mineiros reclamaram de exclusão

Alguns trabalhadores foram impedidos de participar da missa que marcou o resgate dos colegas soterrados.

Copiacó. Mineiros chilenos que não faziam parte do grupo de 33 homens resgatados nesta semana após mais de dois meses a 700 metros de profundidade protestaram por terem sido excluídos das solenidades religiosas realizadas, ontem, em Copiapó, quatro dias após a conclusão dos salvamentos. Eles reclamaram também de atrasos no pagamento de salários.

"Nós vínhamos com nossas famílias e filhos para encontrar com nossos mineiros e agora que seria o grande encontro nos deixaram de fora", se queixou Javier Castillo, dirigente do sindicato que congrega os trabalhadores da mina San José, onde ocorreu o desmoronamento que bloqueou os 33 trabalhadores no dia 5 de agosto. O chileno se mostrou incomodado porque o toldo levantado no acampamento Esperança era pequeno.

Visita:
O presidente chileno, Sebastián Piñera, defendeu, ontem, em Londres, em seu giro oficial pela Europa, o aumento da "colaboração" entre a nação liderada por ele e o Velho Continente.

"Esperamos que surja uma maior integração, uma maior colaboração entre um país muito pequeno e muito distante e a Europa", declarou o mandatário, que partiu na sexta-feira de Santiago e iniciou sua viagem, no sábado, por Portugal. Orgulhoso, ele cansava de exibir o primeiro bilhete enviado pelos mineiros como prova de vida.

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