domingo, 10 de outubro de 2010

"Nacional, JOSÉ SERRA - Aliados terão peso maior"

José Serra, com agenda apertada, não poderá estar em todos os locais e por isso conta com os aliados.
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR


Se antes os aliados escondiam Serra com medo do efeito Lula, agora estarão mais livres para pedir votos para ele.


Brasília. Com a agenda de viagens do candidato à Presidência José Serra (PSDB) mais enxuta no segundo turno, o engajamento dos aliados nos estados passa a ter peso maior na estratégia da campanha, em comparação à primeira fase da disputa.


Em várias regiões do país, esses apoios serão os responsáveis por levar a campanha de Serra às ruas. Nesta semana estão previstas mobilizações em Minas, para um encontro com prefeitos capitaneados pelo senador eleito Aécio Neves, e em Santa Catarina, onde os aliados DEM e PMDB prometem um ato pró-Serra.


Por isso, o presidenciável dedicou a maior parte da primeira semana a conversas com lideranças estaduais e fez uma reunião, em Brasília, com apoiadores de sua candidatura. Os tucanos não querem cometer o mesmo erro do primeiro turno, quando aliados queixaram-se de falta de organização da candidatura para promover um trabalho conjunto de mobilização.


Numa autoanálise feita pela oposição a articulação política local foi apontada como um dos pontos fracos. Uma das faces visíveis do problema foi a falta de material publicitário nos estados. Por restrições de orçamento e por desorganização, a produção de folhetos, adesivos e santinhos deu-se a conta-gotas nos primeiros dois meses de campanha.


"Distribuiremos de forma proporcional o material para todos os estados. Todo mundo vai receber", explica o coordenador de infraestrutura da campanha, Sérgio Kobayashi.


Nos cinco estados em que o PSDB disputará segundo turno para governador haverá um investimento maior e folhetos exclusivos com a imagem de Serra junto à do candidato ao governo estadual. A campanha tucana também aposta numa redução do efeito Lula nos estados como um fator positivo para Serra no segundo turno.


"As coisas que ele podia fazer no primeiro turno já não pode fazer mais no segundo turno. Lula já não é mais um fantasma assombrando nossos aliados", afirma o coordenador da campanha do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). No primeiro turno, muitos aliados esconderam Serra nas campanhas locais, gesto de sobrevivência diante da popularidade de Lula. Agora, com a eleição encerrada para deputados e senadores em todo o país e para governadores em 18 estados, a cúpula da campanha avalia que os aliados estarão mais à vontade para pedir voto para Serra.


PROMESSAS
Bolso define voto da classe C


Brasília. Indiferentes às discussões religiosas e morais que dominam o segundo turno das eleições presidenciais, um grupo considerável de eleitores definirá seu voto, mais uma vez, pensando com o bolso. Se, no primeiro turno, o bom momento econômico do país foi um dos pilares do crescimento dos votos em Dilma Rousseff (PT), agora as promessas de José Serra de elevar o salário mínimo para R$ 600, aumentar em 10% as aposentadorias e criar o 13o. do Bolsa-Família já fazem com que o tucano avance sobre a classe C, considerado reduto tradicional dos petistas.


Em Lins, bairro do Rio onde Serra foi mais votado, somando o apoio de 25% dos eleitores - contra uma média inferior a 20% em localidades vizinhas - é comum encontrar eleitores do tucano que assumem a "traição" a Lula, em prol do que imaginam um futuro melhor de sua economia doméstica: "Gosto do Lula, já votei nele, mas meu marido é aposentado. Não tem jeito, a gente em casa vai ter que votar em que oferece mais ", disse a dona de casa Antônia Soares da Silva.


As duas promessas de Serra atingem, diretamente, um contingente de mais de 50 milhões de pessoas: 26,879 milhões de trabalhadores que recebem o mínimo e mais 23,995 milhões de aposentados e pensionistas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário