terça-feira, 24 de agosto de 2010

"FILIPINAS - Sequestro acaba em tragédia"

A polícia invadiu o ônibus, que levava turistas de Hong Kong, após ouvir uma série de disparos. A ação foi transmitida ao vivo pela TV
ERIK DE CASTRO/REUTERS

Policial demitido, que exigia o emprego de volta, sequestrou ônibus e matou oito pessoas; ele foi morto pela Polícia

Manila, Filipinas. A Polícia das Filipinas matou a tiros, ontem, um ex-policial demitido que invadiu um ônibus e manteve 15 turistas de Hong Kong reféns no Centro da capital Manila por mais de 12 horas. Oito dos reféns foram mortos pelo sequestrador.

Identificado como o ex-capitão de Polícia Rolando Mendoza, 55 anos, o criminoso, fez sinal para o ônibus parar no ponto histórico de Intramuros e depois declarou o sequestro quando o veículo chegou ao Parque Jose Rizal, aproximadamente às 9h (22h de domingo em Brasília). Ele entrou no ônibus com seu uniforme de Polícia e armado com um fuzil automático M-16 e outras armas de menor porte. "Em nossa primeira investida, o capitão Mendoza estava reclinado no meio do corredor do ônibus e atirou em um de nossos agentes. Na segunda investida, nós o matamos", relatou o coronel Nelson Yabut. "Fizemos todo o possível para negociar e levar isto a um fim pacífico, mas ele não nos deu outra escolha", acrescentou.

"Posso ver que há muitas equipes da Swat chegando, eles estão em toda a parte. Sei que eles vão me matar. Estou lhes dizendo que devem ir embora porque a qualquer momento eu farei o mesmo aqui", ameaçou Mendoza em uma entrevista ao vivo a uma emissora local de rádio. Uma folha de papel foi colocada por ele na porta do ônibus com uma mensagem escrita à mão: "GRANDE ERRO A CORRIGIR. GRANDE DECISÃO ERRADA".

Durante boa parte do dia, o sequestrador, que exigia o seu emprego de volta, aparentou estar negociando calmamente com a Polícia, organizando o fornecimento de alimentos e de combustível para o ar condicionado. Nove reféns tinham sido libertados em etapas - seis residentes de Hong Kong e três das Filipinas, em sua maioria mulheres e crianças.

O irmão de Mendoza, Gregorio, disse que ele estava perturbado por ter sido demitido da força policial. A mídia local informou que ele havia sido dispensado por motivos que incluíam extorsão e, por causa da demissão, havia perdido benefícios previdenciários.

O fim do impasse começou mais de uma hora depois que comandos da Polícia cercaram o ônibus. Pôde-se ver ao vivo pela televisão os policiais quebrando as janelas do ônibus minutos depois de se ouvir uma série de disparos e o motorista sair correndo, em segurança.

Depois, os comandos tentaram durante meia hora dominar o ônibus. Enquanto faziam isso, eram ouvidos novos disparos, o que levavam os policiais a se abaixarem e procurarem abrigo. Após aproximadamente uma hora, o atirador foi morto e os reféns, libertados. Os últimos momentos do sequestro foram transmitidos ao vivo por emissoras de TV de todo o mundo.

O presidente filipino, Benigno Aquino III, afirmou que os negociadores pensaram que a situação seria resolvida pacificamente, e o sequestrado não parecia determinado a ferir a si ou aos outros. "Infelizmente, isso mudou, e isso mudou um tanto rapidamente", disse, acrescentando que haveria uma investigação sobre o que levou a situação a se deteriorar, incluindo o papel da imprensa.

Ação desastrosa

O líder de Hong Kong, Donald Tsang, criticou duramente, ontem, a forma como as autoridades das Filipinas lidaram com o sequestro do ônibus.

"É lamentável. A forma como foi conduzido, em especial o resultado, eu acho que foi decepcionante", afirmou. "Espero que o governo filipino possa me dar um relato completo do que aconteceu", exigiu Tsang.

Outras pessoas em Hong Kong ficaram chocadas, algumas furiosas, depois do que parece ter sido uma operação de resgate ineficaz, acompanhado ao vivo pela televisão por milhares de pessoas.

Incidentes com reféns desse tipo são extremamente raros na ex-colônia britânica de Hong Kong, centro financeiro que voltou ao domínio chinês em 1997.

"Isso é uma tragédia e uma farsa. Por que eles demoraram tanto para entrar no ônibus? Eles não são bem disciplinados nem treinados. Eles são loucos?", questionou o morador de Hong Kong, Kevin Chan.

Outro morador de Hong Kong, Sunny Ho, afirmou que as coisas poderiam ter sido resolvidas com negociações mais tranquilas e não com força bruta. "É realmente muito trágico, a Polícia e o governo das Filipinas são totalmente incompetentes. O governo deveria ter concordado com as exigências do sequestrador e resgatado as pessoas primeiro!", opinou.

Pânico

12 horas foi o tempo em que 15 turistas ficaram reféns do sequestrador. Inicialmente, 25 pessoas estavam no ônibus, mas um grupo foi liberado.

FONTE: DN.


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