sexta-feira, 13 de agosto de 2010

"ACUSAÇÃO DE ADVOGADO - Iraniana teria sido torturada"

Mãe de dois filhos, Sakineh Mohammadi Ashtiani está presa há quatro anos e já recebeu 99 chibatadas por adultério
DIVULGAÇÃO
TV estatal do Irã exibiu entrevista em que Sakineh Ashtiani confessa ter planejado a morte do marido

Teerã. O atual advogado da iraniana condenada à morte por apedrejamento, Sakineh Mohammadi Ashtiani, afirmou que ela foi torturada por dois dias antes de concordar em aparecer em um programa de TV do Irã e confessar o assassinato do marido. Sakineh é acusada de adultério e de planejar o assassinato do marido.

"Ela apanhou muito e foi torturada até aceitar aparecer em frente à câmera. Seu filho de 22 anos, Sajad, e sua filha de 17 anos, Saeedeh, estão completamente traumatizados por assistir ao programa", afirmou Houtan Kian.

A TV estatal iraniana exibiu na noite desta quarta-feira uma entrevista no programa "20:30" que supostamente traz Sakineh confessando ter discutido com um homem sobre o assassinato do marido.

A mulher aparece com véu preto que cobre quase todo o corpo, a imagem distorcida no rosto e a voz encoberta pela tradução de um dialeto regional para o persa - o idioma oficial do Irã. Assim, não foi possível confirmar de imediato a identidade da mulher. Kian afirmou que era mesmo Sakineh e disse que a entrevista foi gravada na prisão Tabriz, onde ela está há quatro anos.

No vídeo, a iraniana também criticou seu advogado anterior, Mohammad Mostafaei, por divulgar publicamente o seu caso e disse que isso trouxe vergonha para sua família.

Ela contou como manteve um relacionamento com o primo do marido. "Ele me disse: "Vamos matar seu marido". Eu realmente não pude acreditar que meu marido seria morto. Pensei que ele estivesse brincando", disse Sakineh.

"Depois, descobri que assassinar era a profissão dele. Ele veio a nossa casa e trouxe todo o material. Trouxe aparelhos elétricos, fios e luvas. Depois, matou meu marido conectando-o à eletricidade", declarou.

Em uma entrevista na semana passada ao jornal britânico "The Guardian", Sakineh acusou as autoridades iranianas de mentir sobre as acusações contra ela para confundir a mídia e facilitar sua execução por apedrejamento.

O embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, descartou o envio de Sakineh ao País. O diplomata negou que tenha ocorrido formalmente a oferta do Brasil ao governo iraniano de asilo ou refúgio político para a mulher.

Segundo Shaterzadeh, o assunto envolve apenas o Irã, pois a condenada é iraniana, o que elimina a possibilidade de outro país ser incluído no processo. Para ele, o caso ganhou repercussão internacional porque há uma manipulação por meio da imprensa para constranger o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

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