domingo, 28 de novembro de 2010

"MINISTÉRIOS - Palocci substituirá Dutra nas negociações"

O deputado Antonio Palocci vai para a Casa Civil com menos poder para não ofuscar a presidente eleita
FOTO: MARCELLO CASAL JR/ABR

A deputada Manoela D´Ávila diz que a visibilidade do Ministério dos Esportes é fruto do trabalho do PC do B
FOTO: RENATO ARAÚJO/ABR

Palocci deve ser auxiliado, na tarefa de negociar ministérios com os aliados, pelo ministro Alexandre Padilha

Brasília. Ao ser oficializado na próxima semana como ministro da Casa Civil, Antonio Palocci assumirá oficialmente as negociações com os partidos aliados no lugar do presidente do PT, José Eduardo Dutra, até então designado para função por Dilma Rousseff. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Palocci deve ser auxiliado na tarefa de negociar ministérios com os aliados pelo atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, cotado para seguir no cargo no governo da presidente eleita - Padilha, médico infectologista, chegou a ser cogitado para a Saúde.

Dutra vinha comandando as conversas com os partidos, mas se afastará nessa fase de definição dos espaços de cada legenda. O motivo de seu afastamento é que, na condição de presidente do PT, ele poderia enfrentar conflitos de interesse, já que os petistas estão pleiteando vagas ambicionadas por outras legendas.

Pimentel:
Dilma decidiu nomear o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel para sua equipe. Sua vaga, porém, depende das negociações com os aliados, mas pode ser o Ministério da Previdência ou o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Além de ser da cota pessoal da presidente eleita, Pimentel entra na lista de ministeriáveis do PT mineiro, que reivindica ainda uma pasta para o ex-ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).

No PT paulista, o senador Aloizio Mercadante (SP) deve ter como destino o Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje sob comando do PSB - que perderá o controle da pasta em troca do disputado Ministério da Integração Nacional.

Além desse ministério, o PSB deve ficar com o do Turismo ou manter a Secretaria Especial de Portos. A tendência, porém, é que o partido fique com a primeira, porque Dilma estuda fundir a pasta dos Portos com o setor aeroportuário.

O novo ministério seria entregue ao PMDB, que deve ainda controlar o de Cidades, hoje com o PP, como compensação pela possível perda dos ministérios da Saúde, Integração Nacional e Comunicações. A dificuldade é vencer a resistência do PP, que embora não tenha apoiado oficialmente Dilma na disputa, elegeu mais senadores - subiu de 1 para 5. O nome mais forte entre os peemedebistas para comandar Cidades é o do carioca Moreira Franco, ligado ao vice-presidente eleito, Michel Temer. Já está certo que os peemedebistas vão manter os ministérios da Agricultura (Wagner Rossi) e Minas e Energia (Edison Lobão, senador reeleito pelo Maranhão, que volta a comandar a pasta).

Segue indefinida, porém, a situação do Ministério da Defesa, que deve continuar com o PMDB. O atual ministro, Nelson Jobim, pode seguir no cargo.

Gilberto Carvalho também será oficializado nesta semana na Secretaria-Geral da Presidência da República. O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) está sendo indicado pelo partido para comandar o Turismo.

A pasta da Cultura, que deve sair das mãos do PV, tem dois nomes cotados: Fernando Morais e Emir Sader.

A presidente eleita convidou o assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, a permanecer no Planalto. Os dois conversaram na última semana e devem voltar a se falar na segunda-feira. Ele era cotado por diplomatas sul-americanos para assumir a Secretaria-Geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), mas desistiu a pedido de Dilma. Quanto ao Ministério das Relações Exteriores, ela deve indicar o embaixador Antonio Patriota .

NOVO GOVERNO:
Ministérios são disputados a tapa

Ministério do Esporte, que tinha R$ 444,1 milhões para a Copa do Mundo, já ampliou para R$ 900 milhões

Brasília. Com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil, três ministérios que antes eram considerados prêmios de consolação para políticos sem mandato estão sendo disputados quase a tapa, nas negociações para a composição do governo Dilma Rousseff. É o caso dos ministérios do Esporte, de onde o PCdoB não aceita sair, do Turismo e da Cultura. Mesmo com orçamentos enxutos, são pastas que ganharam importância política.

No Ministério do Esporte, por exemplo, a verba inicial de R$ 444,1 milhões para ações da Copa do Mundo já aumentou em R$ 900 milhões no parecer preliminar do Orçamento de 2011. Na proposta original, as ações das Olimpíadas somam, por enquanto, R$ 1,1 bilhão.

Os orçamentos iniciais do Esporte e do Turismo são sempre os mais baixos, mas as duas pastas contam com as emendas parlamentares para engordar a verba e apadrinhar a inauguração de quadras de esportes e reformas de praças em cidades turísticas, o que rende prestígio e votos para os parlamentares.

Para o economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, esses ministérios terão papel importante: - Os investimentos em geral vão ganhar força, daqui para a frente, e os ministérios que cuidam de infraestrutura, além de Esporte e Turismo, terão um papel importante. Isto porque podemos entrar, agora, numa fase em que o gargalo pode ser em investimentos do setor público. Permanecer

A deputada federal Manuela D´Ávila (PCdoB-RS) diz que a posição de seu partido, já anunciada ao governo de transição, é permanecer no comando do Ministério do Esporte. Segundo a deputada, a pasta tem hoje maior projeção graças à situação econômica e política do país, que pode sediar grandes eventos esportivos. Manuela afirma que o trabalho realizado pelo PCdoB nos oito anos do governo Lula - inicialmente com Agnelo Queiroz (atual governador eleito do Distrito Federal pelo PT) e agora com o ministro Orlando Silva - ajudou a aumentar a importância do ministério: - A gente sente orgulho, porque, desde a criação do ministério, está à frente da pasta. Se temos hoje o que mostrar, nós do PCdoB também somos responsáveis por isso.

É evidente que o Brasil vive uma situação melhor e, por isso, atrai eventos, mas (o destaque do ministério) também é fruto do trabalho de líderes do PCdoB - disse Manuela, que é uma das candidatas ao cargo.

Outro ministério que estava em baixa, depois das privatizações do governo Fernando Henrique, e volta a ser alvo da cobiça é o das Comunicações, por causa da implantação do Plano Nacional de Banda Larga, o programa de inclusão digital subsidiado pelo governo e que ressuscitará a quase extinta Telebrás. Hoje, a pasta é da cota do PMDB, mas a presidente eleita pretende que Paulo Bernardo (hoje no Planejamento) assuma o comando.

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