domingo, 14 de novembro de 2010

"FATIA DOS PARTIDOS - Ministérios; uma tarefa difícil para presidente Dilma"

A presidente eleita terá uma tarefa árdua pela frente na composição dos ministérios. Os dez partidos que integraram a coligação que a elegeu querem cargos no Governo

Os petistas, que no governo Lula comandam 20 ministérios, cobiçam outros que estão nas mãos de aliados

A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) prepara-se para enfrentar, talvez, a mais difícil tarefa pós eleitoral antes de sua posse em 1º de janeiro do próximo ano - acomodar os partidos aliados dentro da máquina da administração federal. Em jogo, os egos inflados dos integrantes dos partidos que entendem ter sido fundamentais para a vitória da petista, entre eles o PMDB e o PSB. Este último gabaritado pelo sucesso nas urnas que o levou a eleger seis governadores. Outro desafio é tentar conter os próprios partidários, principalmente os que saíram derrotados das urnas.

Os petistas, que no governo Lula comandam vinte ministérios, cobiçam outros que estão nas mãos de aliados, como o PMDB e o PP (Saúde e Cidades, por exemplo). Já o PDT quer "dobrar" o seu poderio, passando de um ministério (Trabalho e Emprego) para dois (Educação ou Turismo). Dilma terá ainda pela frente os "pedidos pessoais" do presidente Lula que já sinalizou por Henrique Meirelles (Banco Central), Fernando Haddad (Educação) e Guido Mantega (Fazenda) e ainda os desejos confessos dos outros ministros que querem continuar no governo.

A presidente eleita já vem "mandando" recados aos aliados, através de seus assessores mais próximos. José Eduardo Dutra, presidente do PT e membro da equipe de transição do governo, por exemplo, afirmou esta semana que todos os partidos querem ampliar suas participações no governo, sob a alegação de crescimento nas urnas, mas que o número de cargos é finito e que não serão criados outros. Através de Dutra, Dilma também avisou que não aceitará imposição de nomes.

PMDB, PDT, PSB, PT, PC do B, PR, PRB, PSC, PTC e o PTN fizeram parte da coligação ´Para o Brasil Seguir Mudando´, que elegeu Dilma e já mantiveram contato com o presidente petista. Mesmo que nem todas essas legendas consigam indicar um ministro, vão continuar lutando por mais cargos e espaço na administração.

O PT está a frente de 20 pastas (entre ministérios e secretárias com status de ministérios) quer mais quatro (Saúde, Cidades, Transportes e Minas e Energia). O PC do B que manter o ministério dos Esportes. O PP o de Cidades. O PR quer continuar no Ministério de Transportes e ainda sonha com o da Agricultura.

O PMDB, através do vice-presidente eleito, Michel Temer, primeiro "avisou", que quer manter os seis ministérios que hoje comanda. Depois mais comedido "sugeriu" que a atual composição fosse mantida. O partido hoje comanda as pastas da Saúde, Agricultura, Comunicações, Defesa, Integração Nacional, Minas e Energia. O Banco Central, apesar de ter no comando um peemedebista não entra nas contas da sigla, que considera a indicação como parte da cota do presidente Lula.

O PSB está hoje a frente dos ministérios de Ciência e Tecnologia e a de Portos e deseja a Integração Nacional, Cidades ou Educação, além da presidência do BNDES para o deputado Ciro Gomes. Além desses, o PRB quer um ministério para o senador Marcelo Crivella. O PT do B e o PTN também conversaram nesse sentido. O PTB, que apoiou José Serra, mas teve dissidentes que apoiaram a petista, quer entrar na disputa.

As pastas mais cobiçadas são as de infraestrutura que vão gerenciar o maior volume de recursos orçamentários, por conta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das obras visando a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Desempregados:
De norte a sul "chovem" os pedidos por cargos na mesa da presidente eleita. Do Rio Grande do Sul já despontam os nomes do ex-governador Olívio Dutra (PT), Maria do Rosário (PT), Miguel Rossetto (presidente Petrobras biocombustível), Guilherme Cassel (atual ministro do Desenvolvimento Agrário) e Beto Albuquerque, eleito deputado federal pelo PSB, que já foi indicado para o secretariado de Tarso Genro (RS).

Do Paraná há pedidos para Paulo Bernardo (atual ministro do Planejamento), Osmar Dias (PDT), candidato derrotado para o governo do estado, e para Orlando Pessuti (PMDB), atual governador. De São Paulo Aloizio Mercadante (candidato derrotado ao governo), José Genoíno (deputado não reeleito), Gabriel Chalita (segundo deputado mais votado do Estado), Antônio Palocci, José Eduardo Cardozo e Alexandre Padilha e Newtom Lima.

Pelo Rio os pedidos são para os senadores eleitos Marcelo Crivella (PRB), Lindberg Farias (PT), Jorge Picciani (PMDB), candidato derrotado ao Senado, Sérgio Cortez (PMDB), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Moreira Franco (PMDB). Além deles Márcio Fortes (PP), Nilceia Freire ( Mulheres) e Edson Santos (Igualdade Racial).

ESTADOS:
Minas quer apresentar a fatura pela maioria dada

Aliados em Minas Gerais, que deram uma maioria de 58,45% à Dilma no Estado, trabalham por mais espaços no ministério da nova presidente. Entre os nomes cotados estão os de Fernando Pimentel e Patrus Ananias, do PT e Hélio Costa, do PMDB. Na Bahia a luta é para manter José Sérgio Gabrielli, e "arrumar" espaço para o deputado federal Mário Negromonte (PP), o novato deputado federal Rui Costa (PT) e o senador eleito Walter Pinheiro (PT).

Em Sergipe fala-se de uma vaga para Antonio Carlos Valadares (PSB). No Ceará, despontam Ciro Gomes (PSB), José Pimentel (PT), Luizianne Lins (PT), Eunício Oliveira (PMDB), Dedé Teixeira (PT) e Pedro Brito (PSB). No Piauí, o ex-governador Wellington Dias (PT), Ciro Nogueira (PP) e João Vicente Claudino (PTB). No Maranhão, Edson Lobão (PMDB), quer retornar para o Ministério de Minas e Energia e Flávio Dino (PC do B), candidato derrotado ao governo do Estado, que postula o Ministério do Meio Ambiente.

No Pará, a governadora não reeleita, Ana Júlia Carepa é mais uma petista desempregada em busca de um lugar ao sol. No Amazonas, Alfredo Nascimento (PR), derrotado para o Governo do Estado, quer retomar o Ministério dos Transportes, correm por fora os senadores eleitos Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PC do B). Em Rondônia o nome cotado é da deputada federal reeleita Marinha Raupp (PMDB-RO) para assumir o ministério da Integração Nacional ou o de Cidades. No Centro Oeste, Blairo Maggi, senador eleito, deseja a pasta da Agricultura. Em Goiás, Sandro Mabel (PR), Pedro Wilson (PT), Jovair Arantes (PTB) e Iris Resende (PMDB), estão na disputa.

MARCELO RAULINO
REPÓRTER DN.

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