segunda-feira, 22 de março de 2010

"O feitiço contra o feiticeiro"

FOI POR pura imposição que os tucanos engoliram a estratégia escolhida pelo seu candidato presidencial, José Serra, de declarar a candidatura do partido somente a partir de março e, daí, deflagrar uma programação mais explícita de costuras políticas pelo país.

DE CARA, a opção pelo adiamento fez uma vítima fatal: a pré-candidatura do governador mineiro, Aécio Neves, que desistiu de esperar pelo desfecho que já previa.

CONTUDO, a teimosia de José Serra livrou o candidato de um desgaste maior: se já estivesse com o “pé na estrada” quando eclodiu o escândalo do mensalão que envolveu seus aliados diretos em Brasília, sairia pessoalmente chamuscado com o episódio, o que não ocorreu.

POR SUA VEZ, seus adversários do governo já estão em campanha desde o início do ano passado, quando o presidente Lula mandou goela abaixo em seu partido o nome da ministra Dilma Rousseff como candidata e iniciou uma crescente movimentação eleitoral, cada vez mais explícita em suas intenções.

O TUCANATO, que não topa fazer campanha antes do carnaval, decidiu espernear e promover uma judicialização precoce do processo sucessório. Pura fantasia: essa gente não tem do que se queixar, pois foram os primeiros a atravessar o samba e agora estão provando do próprio veneno.

QUANDO O ex-presidente Fernando Henrique manobrou em favor da mudança na legislação eleitoral que permitiria a reeleição (mais um mandato dos portadores de cargos executivos), contaminou o processo com os graves desvios que agora se observa, dadas as características culturais do presidencialismo brasileiro.

PORTANTO, quando sai por aí puxando sua candidata pelo braço, o presidente Lula está apenas servindo aos tucanos o veneno que, em momento oportuno para seus interesses, eles distribuíram fartamente por todo o país.

NADA DISSO isenta o presidente atual da responsabilidade de agravar ainda mais um desvio que, no futuro, em um contexto incerto, bem diferente do que vivemos hoje, poderá comprometer a própria estabilidade democrática.

MAS A DÍVIDA que Lula deixará para a história quanto ao aperfeiçoamento democrático é maior que o circo de inaugurações do PAC: de um governo do PT esperava-se uma reforma do modelo participativo e, no entanto, tivemos que engolir a paspalhice do Mensalão.

MAS ISSO é tema para outro momento.

FHC: presidencialismo envenenado.

Você já viu esse filme antes?

O FILME “Lula, o filho do Brasil”,cinebiografia do nosso presidente, não foi o sucesso que muitos esperavam – havia até quem o aguardasse como um fenômeno decisivo para o resultado da sucessão presidencial.

O TRUQUE não funcionou. Tecnicamente correto, o filme trafega numa margem obediente de previsibilidade, sem explorar as contradições do personagem, preservando os episódios mais controvertidos de sua vida.

MAS É OUTRA a razãopara o aborto do fenômeno: o flagrante oportunismo de lançá-lo no início de um ano eleitoral, confirmando aquilo que já havia sido lembrado aqui: paga caro, quem subestima a inteligência do eleitor.

PODE HAVER aí um sinal de alerta para os que ainda não tiraram os pés do chão.

Uma dúvida, sem dúvida.

NÃO SEI se você entendeu (eu, não).

CIRO GOMES voltou ao país afirmando que manterá sua candidatura presidencial.

SE IRÁ MESMO em frente, o que fazia de férias em Paris, enquanto por aqui as pesquisas indicavam mais uma queda brusca em seus índices de intenção de voto e os outros candidatos trabalhavam dia e noite para manter de pé suas pretensões?

NESTE CASO, atos e palavras estão abrindo espaço a leituras diferentes. Mas Ciro Gomes não parece ligar para leituras: a realidade há de se adaptar aos seus desejos, um dia.

MATÉRIA IDEALIZADA PELO JORNALISTA RICARDO ALCÂNTARA.

LÁ VAI O BESTA: As matérias postadas neste blog que não são produzidas pelo Administrador, são de inteira responsabilidade de seus idealizadores.














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