segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Ceará 2010: todos com Lula, tudo pela Dilma?"

Tudo começa pela singular popularidade do presidente Lula, que deu a ele força suficiente para indicar, por decisão quase que exclusivamente pessoal, quem disputará em nome do seu governo a sucessão presidencial.

E tudo passa pelo fato de que o nome indicado por ele não tem carisma pessoal e experiência eleitoral suficientes para absorver o potencial de transferência de votos de Lula na medida necessária a uma vitória larga.

De tudo isso resulta grande concentração de esforços em condicionar as decisões relativas às disputas locais ao objetivo primordial de garantir a Dilma Rousseff uma base regional de apoio tão sólida quanto possível.

Prioridade ainda maior no norte do país – da Bahia ao Acre – onde a capacidade de transferência direta de votos do presidente para a sua candidata prevalece sobre qualquer outro fator de decisão.

No Ceará, Cid Gomes tem levado ao limite sua capacidade de explorar este aspecto que tanto fragiliza a direção local do PT quando o partido negocia sua participação na chapa do governador que sai em busca da reeleição.

Fontes oficiais repetem que seu “único compromisso para o senado é com Eunício Oliveira”, mas já teria assegurado “apoio informal à reeleição de Tasso Jereissati”. Isto é, não é bem vinda a candidatura de José Pimentel.

O governador sinaliza, ainda, com um tipo de apoio quase protocolar a Dilma Rousseff e ameaça (não há outro termo) o PT com a possibilidade de seu irmão Ciro Gomes coordenar sua campanha. É muito tapa e pouco beijo.

E o PT? Calado! Sabem que não será fácil contar com o apoio do comando nacional para uma candidatura de oposição ao PSB de Cid Gomes e, dessa vez, não há outra Luizianne Lins disponível para uma ousadia dissidente.

Enfim, se é “tudo pela Dilma”, Cid vai explorar a vantagem ao limite. Mas não deverá, ao fim, abrir mão do PT. Não tanto pelo partido, mas pelo apoio de Lula, pois o governador tem pesquisas e sabe o que elas dizem.

E elas dizem coisas muito interessantes como, por exemplo, o incomparável peso da influência do presidente Lula numa indicação para governador do Ceará, muito acima de qualquer liderança local, incluindo Ciro Gomes.

São por essas que, mesmo sob a evidência de uma relação já tão deteriorada, tanto os petistas quanto o clã dos Ferreira Gomes ainda se mantém dispostos a continuar vivendo sob o mesmo teto por algum tempo mais.

LULA: eleitor nº 1 também para governador.



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