segunda-feira, 21 de junho de 2010

"POLITICA NO BLOG DO POETA - Baixa a bola, governador."

Política é mesmo como já foi dito: nuvens que mudam com a direção dos ventos. Se maio terminou com Cid Gomes sem adversários na disputa pelo governo do estado, junho começou com perspectiva de segundo turno.
Se os tucanos cearenses “decidiram que podem decidir” por candidatura própria, Lúcio Alcântara também já se dispõe a colocar seu nome como uma alternativa à cena ridícula de uma eleição sem disputa.

Cid Gomes não comprou a decisão dos tucanos como definitiva, é o que se pode concluir quando afirma que não gosta “de ser pressionado”. Quanto a isto, governador, conte com a minha solidariedade: ninguém gosta.

Mas abolir as pressões da política seria abolir a política do mundo e restaurar o princípio absolutista da tirania – daí, os comentários grosseiros, porém pertinentes, que o apontam com pendores monarquistas.

Na conjuntura complexa em que opera, a opção do governador em adiar a definição de sua coligação para o momento final de decisão construiu um discurso cuja onipotência não corresponde ao seu real poder de fogo.

Não é seu nível de popularidade, nem a capacidade de seu governo em distribuir favores, o fator decisivo no quadro atual de disputa, mas o insuperável potencial de transferência de votos do presidente Lula.

Pesquisas recentes apontam que o governo petista é aprovado (os que o avaliam como “ótimo”, “bom” ou “regular, mas positivo”) por 97% dos eleitores cearenses. Na margem de erro, dá 100%. E aí, vai encarar?

Por outro lado, a avaliação do governo do estado, se é muito boa (na faixa dos 65%, a mesma obtida pelo governo anterior ao final do mandato), não apresenta, em seu perfil qualitativo, uma imagem muito consolidada.

Significa dizer que os eleitores o aprovam massivamente, mas com baixa consistência, isto é, pouca clareza a respeito dos aspectos determinantes da avaliação, desprovida, enfim, de uma argumentação de defesa mais sólida.

É, portanto, vulnerável, se colocado diante de uma conjuntura mais acirrada de disputa, exposta a uma artilharia crítica que até o momento desconhece por força da ampla coalizão partidária agregada ao seu projeto de governo.

No curso recente dos fatos, houve ainda a retirada da candidatura presidencial do seu irmão, Ciro Gomes, um episódio que provocou uma alteração substancial na correlação de forças que atuam sobre o processo.

É relevante anotar que o fato em quase nada alterou a postura do governador na condução de sua estratégia eleitoral. Pois deveria. Com Ciro fora da disputa, a candidatura de Cid perdeu sua principal moldura.

Avaliada a conjuntura sob todos esses aspectos, é possível afirmar que o governador ainda conta com as condições necessárias para operar um bom trânsito eleitoral para um segundo mandato, desde que desça dos saltos.
Enfim, foi claro, o recado que as forças políticas mandaram: “baixe a bola, governador”. Por falar em bola, faça uma boa viagem. E treine bem os ouvidos pois, quando voltar, por aqui o aguardam as vuvuzelas da oposição.

CID: sob pressão, goste ou não.

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