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A passeio na cidade;
Matuto é desconfiado;
Se oferecer uma beldade;
Não aceita, nem fiado.
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Examina, todos e tudo;
De forma minuciosa;
Acha-se esperto e sortudo
Com bugiganga valiosa.
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O bruaqueiro sai da roça;
Vem andando meditativo;
Se vê Ciganos, faz troça;
Acha-se maroto e criativo.
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É trabalhador e honesto;
Faz tudo a tempo e hora;
Mas o patrão indigesto;
Acha que não colabora.
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Faz de tudo um pouco;
Com salário insuficiente;
O Patrão sabido ou louco;
Ainda engana o inocente.
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Ajuda na lida da vivenda;
Como escravo serviçal;
E sem nenhuma contenta;
Perde o presente de Natal.
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É o primeiro que acorda;
E o último a se deitar;
Usa uma rede de corda;
Tão velha de se rasgar.
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Ainda acha a vida boa;
Conta piada de pracista;
Pode ser coisa à toa;
De um babeco otimista.
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É alegre por natureza;
Herança que traz do berço;
Mesmo tendo certeza;
Da vida não rezar terço.
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Sua família avantajada;
Muitos meninos pequenos;
Chegando a hora da bocada;
Se deixar, comem veneno.
Poeta: Joaquim da Rocha.
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