A candidata petista disse que o Governo Lula é seu patrimônio e o governo FHC é a herança de José Serra
São Paulo. A candidata do PT a Presidência da República, Dilma Rousseff, disse ontem que vai insistir na comparação entre os legados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) durante a campanha eleitoral. Ela rebateu a fala de seu adversário, José Serra (PSDB), segundo quem não se pode fazer campanha "olhando pelo retrovisor". Para Dilma, trata-se de uma tentativa de não discutir projetos representados por cada uma das candidaturas.
"Eu acho extremamente confortável e estranho (não falar do passado), porque a pessoa alega experiência. Ele foi ministro por duas vezes, inclusive poderoso ministro da área econômica (de Fernando Henrique). Eu não vejo o que tem de retrovisor o fato de a gente discutir os diferentes projetos que ocorreram neste País", afirmou Dilma. "Não é questão de me vangloriar, mas eu tenho o que apresentar."
Dilma lembrou ainda que o DEM, que está na coligação de partidos que apoia Serra, entrou na Justiça para pedir a inconstitucionalidade do ProUni (programa que concede bolsas de estudo em instituições privadas de educação superior) e que, até pouco tempo chamava o Bolsa Família de Bolsa Esmola. "Nós somos diferentes e isso não é uma questão pessoal. Nós achamos que só se cresce distribuindo renda", afirmou.
Dilma, que participou do primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República na TV Bandeirantes, disse não ter considerado que as discussões ficaram polarizadas entre ela e Serra." Não me senti atacada, não", disse. "Ele (Serra) representa um projeto que governou o Brasil no governo FHC e eu represento o projeto que governa o Brasil desde 2003. São projetos distintos e isso está posto como meu patrimônio e minha herança. E o governo Fernando Henrique tem a herança e o patrimônio dele."
Dilma assinou ontem um termo de compromisso do projeto Presidente Amigo da Criança, na sede da Fundação Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), na capital paulista. O documento representa um compromisso de apresentar projetos que reduzam os índices de mortalidade infantil e materna, melhorem a qualidade do ensino e protejam as crianças de todas as formas de abuso.
Em entrevista após o evento, Dilma deixou claro que não abrirá mão de citar o nome do presidente Lula ao longo da campanha. Durante o debate, ela preferiu usar o termo "nosso governo" e praticamente não falou no nome de Lula. "Ontem eu falei ´nosso governo´, posto que não sou presidente da República, mas não vi mudança nenhuma. Vou continuar falando do presidente Lula e do nosso governo. Posso falar ´presidente Lula´ um dia, ´nosso governo´, mas não pensem que eu vou abrir mão disso", afirmou.
Embora tenha gaguejado diversas vezes durante o debate e ultrapassado o tempo disponível para respostas, a candidata disse não ter ficado nervosa e justificou apenas não estar acostumada com a estrutura formal desse tipo de discussão.
SEM ESPAÇO
Marina reclama dos adversários após o debate
São Paulo. A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, reclamou, ontem, do comportamento dos adversários durante o primeiro debate entre presidenciáveis, na TV Bandeirantes.
Ao comentar a polarização entre José Serra (PSDB) e Dilma Roussef (PT), ela disse que nenhum dos dois deu prioridade à defesa de propostas para o país. "Na prática, o que ficou ali foi um confronto e não a possibilidade de um encontro pelo Brasil que a gente quer.´´
Marina demonstrou incômodo com as provocações de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), que a chamou de "Pollyanna" e "eco-capitalista" no debate. "A pior forma de entrar em uma discussão é você entrar com um rótulo. Se você rotula uma pessoa você não precisa debater com ela´´, disse a candidata.
A senadora afirmou ter ficado satisfeita com o próprio desempenho e disse ter sido apontada em redes sociais como vencedora do debate. Ela negou ter se sentido isolada pela polarização entre os dois candidatos que lideram as pesquisas.
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