Concorrendo como candidato de oposição meses depois de ter sido secretário do governador Cid Gomes, o candidato do PSDB explicou que, durante sua gestão na Secretaria de Justiça, não tinha noção da suposta insatisfação dos mais pobres
Hébely Rebouças
O ex-aliado político e hoje adversário do governador Cid Gomes (PSB) na campanha eleitoral, Marcos Cals (PSDB), disse que só percebeu a insatisfação que vem apontando do povo cearense com o Executivo após ter deixado a Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania (Sejus), no último mês de abril. Com base nessa justificativa, ele negou que tenha demorado a assumir postura de opositor.
“Só consegui detectar isso nas pessoas mais pobres depois de sair do Governo, quando estava fazendo as reuniões no Interior para me candidatar à reeleição (como deputado estadual)”, explicou o tucano, em entrevista ao programa Coletiva, da TV O POVO, exibido ontem à noite.
Candidato ao posto de Cid nas eleições deste ano, Cals vem sendo questionado sobre o fato de, até quatro meses atrás, ter feito parte da administração sobre a qual ele, agora, lança duros ataques. “Eu era responsável por um setor, não pelo governo todo. Estava envolvido com aquilo. Ou eu administrava ou fazia política. Fui pra desempenhar minha função partidária e fiz bem feito, modéstia à parte. A secretaria de Justiça é reconhecida nacionalmente”, avaliou.
Indagado sobre o antigo desejo de fazer com que o PSDB ficasse alinhado ao PSB de Cid na disputa – manifestado por várias vezes antes do rompimento entre as duas siglas –, o candidato reconheceu ter dito a Cid que faria o que pudesse para sustentar a aliança. Mas argumentou que, ao perceber os “problemas” do Governo durante suas andanças pelo Interior do Estado, mudou de ideia.
Autocrítica
A reviravolta no comportamento político de Cals e da maior parte do PSDB começou no último dia 10 de junho, quando o partido decidiu romper com o Palácio Iracema e lançar candidato próprio ao Governo, após três anos de parceria. O pano de fundo da decisão foi a demora de Cid em negociar uma aliança para a disputa, que acomodasse os interesses tucanos.
Incitado ao olhar para o passado, Cals analisou que não há motivos para arrependimentos e que não foi um erro a aproximação do PSDB com o governador, logo após as eleições de 2006. Entretanto, o candidato disse que, se o tucanato tivesse se mantido na oposição na Assembléia Legislativa, os equívocos da atual gestão poderiam ter sido evitados. “Não vejo como um erro (a aliança com Cid), mas o que está acontecendo hoje não estaria ocorrendo, porque nós seríamos fiscalizadores, estaríamos mais em cima”, analisou.
E-Mais
PERDÃO DE MULTAS
Embora tenha reforçado a promessa de perdoar as dívidas de motoqueiros multados pela antiga CPRv - hoje Polícia Rodoviária Estadual - no Interior, Marcos Cals disse que ainda não avaliou que tipo de irregularidade será desculpada. “Perdoar dívida (referente a) alcoolismo seria absurdo”, adiantou.
Perguntado sobre possível aproveitamento eleitoral da impopularidade das blitzes no Interior, o tucano rebateu: “Os governadores mandam à Assembleia os Refis para renegociar dívidas de R$ 50 milhões dos empresários, de R$ 1 milhão dos comerciantes, e ninguém questiona. Mas quando eu falo que dentro do nosso programa a primeira coisa na área de transporte é perdoar as multas, falam de aproveitamento eleitoral”, reclamou.
FRASES
Eu acho que as posições dele (governador Cid Gomes) são arrogantes. Ele tem de dar espaço para as pessoas conversarem” Marcos Cals. Candidato ao Governo, ao avaliar o estilo administrativo do ex-chefe
“Ele (senador Tasso Jereissati) perguntou: “Tá preparado?”. Eu falei: “Tô no ponto. Se o partido aguentar a pancada, eu tô dentro”
Marcos Cals. Candidato ao Governo, explicando a decisão do PSDB de lançá-lo na disputa.
FONTE: POVOONLINE.
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