SOBRE A performance de Dilma Rousseff em sua entrevista a O POVO deste domingo, faço uma avaliação diferente da que assinou o repórter Guálter George na mesma edição (“boa, para começar”). Boa nada. Bem ruizinha...
A FALA DA candidata é tecnocracia em estado bruto. Por ali, se vê que ainda não saiu de trás de sua mesa de gerente – sequer se levantou da cadeira. Não se deu conta, de fato, da diferença abissal entre gestor e candidato.
MOSTROU-SE eficiente? Sim, mas não está aí a necessidade maior na formação do seu perfil de candidata. Para isso, a simples indicação do presidente Lula já é, por enquanto, quase suficiente.
O QUE ELA precisa agregar – e, nisso, seu adversário, José Serra, já é um produto acabado – são atributos que levem o eleitor a percebê-la como uma vocação para liderança política. Mas a parole não produz nenhuma empatia.
POR QUE ela? – a pergunta precisa ser respondida e é dela que as pessoas desejam ouvir a resposta. Por ali, fica a impressão de que não há esperança a construir: apenas mentes a convencer. Falta, numa palavra, sensibilidade.
PELO VISTO, vai precisar também de muitas sessões de media trainning para perder cacoetes abusivos na interlocução com entrevistadores, do tipo “você não faz ideia” e “talvez você não saiba”, quetransmite arrogância.
LULA DEVE ter forte identidade de pensamento com sua candidata para tê-la indicado, pois ela é, no aspecto de potencial empático, uma “antilula” – a imagem do presidente invertida no espelho. Para dar certo, depende dela.
DILMA: do palácio para as ruas, o difícil aprendizado.
Sim e não
ESTÁ CERTO o governador quando afirma que a cizânia entre o PT e o PSDB provoca mais danos que benefícios políticos ao país e, em linhas gerais, há muito a ser feito com esforço comum. Cid não é o único a pensar assim.
ISTO PORQUE as semelhanças existentes entre si são, comparativamente, maiores do que as semelhanças de cada um desses dois partidos com seus aliados tradicionais de centro: PMDB e DEM – estas, sim, forças do atraso.
MAS EXAGERA ao afirmar que “quando surgiu, o PSDB era como o PT é hoje”. As gêneses de ambos e seus grupos sociais legitimadores são por demais diferentes para que ele faça esse ensaio forçado de sociologia política.
MENOS, governador. Às vezes, menos é mais.
Nostalgias totalitárias
ALGUÉM, SOB pseudônimo, mostrou-se incomodado com artigo sobre a ação pública de Ciro Gomes e insinuou: “eu ando mesmo acompanhando o comportamento do publicitário Ricardo Alcântara” (redator de Pauta Livre).
SUJEITO, QUEM “anda acompanhando o comportamento das pessoas” é a polícia. Você confunde liberdade de opinião com ato de vadiagem. Como democrata que é, Ciro Gomes merece defensores bem mais inteligentes.
NÃO ME intimide: eu sinto cócegas.
O núcleo do nada
O PSOL – a dissidência da facção da tendência – conseguiu rachar ainda mais: uma ala se recusa a seguir as orientações do último encontro, que indicou Plínio de Arruda Sampaio como candidato do partido à presidência.
ESSA TURMA é capaz de partir o núcleo de um átomo com as unhas.
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